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Força-tarefa mira esquema de lavagem de ativos do crime no setor de combustíveis
Força-tarefa mira esquema de lavagem de ativos do crime no setor de combustíveis / foto: Miguel SCHINCARIOL - AFP

Força-tarefa mira esquema de lavagem de ativos do crime no setor de combustíveis

Somas bilionárias, lavadas através de postos de gasolina e depositadas em instituições financeiras: agentes de diversos órgãos públicos deflagraram, nesta quinta-feira (28), uma das "maiores operações" contra o crime organizado na história do Brasil.

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Segundo o Governo, o gigantesco esquema de fraude e lavagem de dinheiro usou fintechs (plataformas digitais de serviços bancários e financeiros) e cerca de 40 fundos de investimento para ocultar os ativos.

É "uma das maiores operações da história contra o crime organizado, sobretudo em sua atuação no mercado legal", disse o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, em uma coletiva de imprensa em Brasília.

As autoridades apontaram como cabeça do esquema o Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das principais organizações criminosas do país, que opera enviando para a Europa cocaína produzida na América do Sul.

O esquema desbaratado operava em toda a cadeia produtiva de combustíveis, incluindo distribuidoras, transportadoras, empresas de produção, refino e armazenamento, assim como na rede de postos de gasolina e seus pontos de venda.

A organização lavou pelo menos 52 bilhões de reais entre 2020 e 2024 em mais de 1 mil postos de combustíveis em todo o país. Além disso, controlava quatro refinarias e mais de 1 mil caminhões que transportavam combustível, geralmente adulterado.

Durante a coletiva de imprensa, o ministro da Economia, Fernando Haddad, referiu-se a um mecanismo "muito sofisticado" que exigiu "decifrar o caminho do dinheiro".

- Grande mobilização -

Ao todo, 1.400 agentes de diversos organismos públicos participam da operação no país.

As forças de segurança cumprem 350 mandados de busca e apreensão, entre indivíduos e empresas, em dez estados do país, incluindo São Paulo e Rio de Janeiro.

A Polícia divulgou imagens que mostram uma grande mobilização de agentes e patrulhas na Avenida Faria Lima de São Paulo, coração financeiro do país, onde ficam as sedes de várias instituições financeiras.

Entre as práticas fraudulentas na venda de combustíveis estava a adulteração de gasolina e uma prática conhecida como "bomba baixa", em que o volume fornecido é menor do que o indicado.

Outra prática refere-se à importação irregular de metanol. O produto que entra no Brasil "não seria entregue aos destinatários indicados nas notas fiscais. Em vez disso, seria desviado e transportado clandestinamente, com documentação fraudulenta e em desacordo com normas de segurança, colocando em risco motoristas, pedestres e o meio ambiente", segundo o Ministério Público de São Paulo.

O Brasil é o maior produtor de petróleo e outros combustíveis líquidos da América do Sul e o nono do mundo, segundo um relatório de 2023 da Administração de Informação Energética dos Estados Unidos (EIA).

- Banco paralelo -

O dinheiro obtido com o esquema era depositado em plataformas digitais de serviços financeiros (fintechs) ao invés dos bancos tradicionais, o que "dificultava o rastreamento dos valores transacionados", segundo a Receita Federal.

Uma destas empresas, cujo nome não foi revelado pelas autoridades, funcionava como um "banco paralelo" e recebeu mais de 10,9 mil depósitos em espécie suspeitos entre 2022 e 2023.

As empresas investigadas implementaram "uma contabilidade paralela", que permitia "transferências entre empresas e pessoas físicas sem que os beneficiários finais fossem identificados", explicou o Ministério Público de São Paulo.

A Receita Federal informou que "identificou ao menos 40 fundos de investimentos (multimercado e imobiliários), com patrimônio de R$ 30 bilhões, controlados" pelo PCC.

Estes fundos eram reinvestidos no setor de combustíveis, em particular na compra de usinas de etanol para produzir combustível vendido nos postos de gasolina controlados pela organização criminosa.

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