Sobe para 16 o número de mortos em ataque contra festa judaica na Austrália
A polícia elevou para 16 o número de pessoas mortas a tiros no domingo na praia de Bondi, em Sydney, na Austrália, durante a celebração da uma festividade judaica, em um balanço atualizado no início da manhã desta segunda-feira (15, data local)
"A polícia pode confirmar que 16 pessoas morreram e 40 permanecem no hospital após o ataque a tiros de ontem em Bondi", escreveram as forças de segurança de Nova Gales do Sul na rede X na manhã desta segunda-feira (15, data local).
As autoridades não explicaram, no entanto, se esse balanço incluía um dos atiradores, que morreu durante o ataque.
O primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, declarou em discurso televisionado no domingo que se tratou de um "ataque direcionado contra judeus australianos" no primeiro dia do Hanukkah, uma festividade conhecida como Festa das Luzes, que deveria ser "um dia de alegria, uma celebração da fé".
"Um ato de maldade, antissemitismo e terrorismo que atingiu o coração da nossa nação", acrescentou, chamando de "heróis" os cidadãos que enfrentaram um dos atiradores e o desarmaram.
A polícia descreveu o ato como um "incidente terrorista" e afirmou ter encontrado "artefatos explosivos improvisados" em um veículo próximo à praia, ligado ao "criminoso falecido".
O ataque ocorreu durante um evento chamado "Chanukah by the Sea", que celebra o feriado judaico do Hanukkah, no qual participavam cerca de mil pessoas, segundo a polícia.
"Ouvimos os tiros. Foi chocante. Parecia que foram dez minutos de 'bang, bang, bang'. Parecia uma arma potente", disse à AFP Camilo Díaz, um estudante chileno de 25 anos que estava no local.
Os australianos elevaram ao status de "herói" um homem que entrou em luta corporal com um dos atiradores até tomar sua arma e permitiu salvar muitas vidas no pior ataque a tiros do país em anos.
O veículo local 7News identificou o "herói" como Ahmed al Ahmed, de 43 anos, um vendedor de frutas, que teria ficado ferido com dois tiros e foi hospitalizado.
- 'Sangue por todo o lado' -
Entre os mortos está o rabino Eli Schlanger, nascido em Londres, pai de cinco filhos, de 41 anos, que atuava como rabino assistente no centro cultural judaico Chabad de Bondi, contou seu primo-irmão ao meio britânico Jewish News.
"Como é possível um rabino alegre que foi a uma praia espalhar luz e felicidade, para fazer do mundo um lugar melhor, perder a vida desta maneira?", disse o rabino Zalman Lewis, radicado em Brighton, na Inglaterra.
O Ministério das Relações Exteriores da França informou que um cidadão do país morreu no ataque.
Dirigentes de todo o mundo condenaram o ocorrido, da Europa aos Estados Unidos, onde presidente Donald Trump declarou que se tratou de um ato "puramente antissemita".
Por sua vez, o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, repreendeu o governo da Austrália por ter reconhecido o Estado palestino.
Já o Ministério das Relações Exteriores palestino afirmou que repudia "todas as formas de violência, terrorismo e extremismo", em um comunicado, no qual reiterou sua solidariedade à Austrália, país que reconheceu o Estado palestino em setembro, ao lado de Reino Unido e Canadá.
Na Espanha, o chefe de governo Pedro Sánchez apelou a "esforços incansáveis para erradicar o antissemitismo e o terrorismo" em mensagem no X.
O presidente da Argentina, Javier Milei, classificou de "horror" o ataque no Hanukkah, "a festa em que poucos vencem muitos. A festa que nos recorda que a luz vence a escuridão", em publicação nas redes sociais.
A praia de Bondi, no leste de Sydney, é uma das mais populares do país. Os serviços de emergência receberam as primeiras ligações por volta das 18h47 (4h47 no horário de Brasília), segundo a polícia.
O acesso à praia estava repleto de pertences abandonados por pessoas que fugiram do local, observou um jornalista da AFP presente no local.
Harry Wilson, um morador de 30 anos, disse ao Sydney Morning Herald que viu "pelo menos dez pessoas no chão e sangue por todo lado".
- Irã condena o ataque -
O presidente da Associação Judaica da Austrália, Robert Gregory, afirmou que o ataque foi "uma tragédia, mas absolutamente previsível" e denunciou o governo por "não tomar medidas adequadas para proteger a comunidade judaica".
Após o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra em Gaza, a Austrália sofreu diversos ataques antissemitas. O governo australiano acusou o Irã de estar por trás deles e expulsou seu embaixador.
Neste domingo, O Irã condenou "o violento ataque" e o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores declarou que seu país repudia "o terrorismo".
Em outubro de 2024, um incêndio destruiu um café kosher no bairro de Bondi e, em dezembro do mesmo ano, outro incêndio teve como alvo a sinagoga Adass Israel, em Melbourne.
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