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Trump recorre à força contra o Irã
Trump recorre à força contra o Irã / foto: Carlos Barria - Pool/AFP

Trump recorre à força contra o Irã

Os Estados Unidos estão em desacordo com a República Islâmica do Irã há quase meio século, mas o conflito permaneceu disfarçado por tentativas de dar uma chance à diplomacia, muitas vezes com relutância.

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Com a ordem do presidente Donald Trump de atacar as instalações nucleares do Irã, os Estados Unidos, assim como Israel, trouxeram o conflito à tona, e as consequências são incertas.

"Só saberemos se foi bem-sucedido se conseguirmos passar os próximos três a cinco anos sem que o regime iraniano adquira armas nucleares", estima Kenneth Pollack, ex-analista da CIA e agora membro da direção do Instituto do Oriente Médio.

A inteligência americana não concluiu que o Irã estava construindo uma bomba nuclear.

Os avanços nucleares de Teerã eram amplamente vistos como uma forma de pressão, e o país pode ter tomado precauções a possíveis ataques.

Trita Parsi, crítico ferrenho da ação militar, acredita que Trump "tornou mais provável que o Irã se torne um Estado com armas nucleares nos próximos cinco a dez anos".

"Devemos ter cuidado para não confundir sucesso tático com sucesso estratégico", disse Parsi, vice-presidente executivo do Quincy Institute for Responsible Statecraft.

"A guerra do Iraque também foi bem-sucedida em suas primeiras semanas", observou.

- Momento delicado -

Trump atacou uma semana após Israel lançar uma ofensiva militar, em um dos momentos mais críticos no país liderado por aiatolás desde que a Revolução Islâmica de 1979 derrubou o xá pró-Ocidente.

Após o ataque a Israel em 7 de outubro de 2023 pelo Hamas, apoiado pelo Irã, Israel não apenas aniquilou grande parte de Gaza, como também desferiu um duro golpe no movimento libanês pró-iraniano Hezbollah.

E o principal aliado do Irã entre os líderes árabes, o ex-presidente sírio Bashar al-Assad, foi deposto em dezembro.

Apoiadores do ataque de Trump argumentam que a diplomacia não estava funcionando e que o Irã se mantinha firme em seu direito de enriquecer urânio.

"Ao contrário do que alguns dirão nos próximos dias, o governo americano não se precipitou em uma guerra. Na verdade, deu à diplomacia uma oportunidade real", disse Ted Deutch, ex-congressista democrata que agora lidera o Comitê Judaico Americano.

"O regime iraniano assassino se recusou a chegar a um acordo", disse.

Para o senador republicano John Thune, Teerã "rejeitou todas as vias diplomáticas para a paz".

- Freio à diplomacia -

O ataque de Trump ocorre quase uma década depois de o ex-presidente Barack Obama ter fechado um acordo pelo qual o Irã restringia drasticamente seu programa nuclear. Trump retirou-se do pacto em 2018, após assumir o cargo.

A maior parte do Partido Republicano de Trump e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que há muito considera o Irã uma ameaça existencial, criticavam o acordo de Obama porque permitia que Teerã enriquecesse urânio e disposições essenciais tinham prazo de validade.

Trump, que se considera um pacificador, disse há apenas um mês, em visita a monarquias do Golfo Árabe, que estava esperançoso de um novo entendimento com o Irã. Isso ocorreu pouco antes do ataque de Netanyahu.

"A decisão de Trump de restringir seus próprios esforços diplomáticos também tornará a obtenção de um acordo muito mais difícil a médio e longo prazo", disse Jennifer Kavanagh, diretora de análise militar da Defense Priorities, que advoga pela moderação.

O Irã agora não tem incentivo para acreditar na palavra de Trump ou acreditar que se beneficiará de um acordo.

Clérigos iranianos também enfrentam oposição interna.

Protestos em massa eclodiram em 2022 após a morte sob custódia de Mahsa Amini, detida por desafiar as regras do regime sobre como as mulheres devem cobrir os cabelos.

Karim Sadjadpour, pesquisador do Carnegie Endowment for International Peace, escreveu nas redes sociais que os ataques de Trump poderiam consolidar a República Islâmica e acelerar sua queda.

"O bombardeio americano às instalações nucleares do Irã é um evento sem precedentes que pode ser transformador para o Irã, o Oriente Médio, a política externa dos EUA, a não proliferação global e, potencialmente, até mesmo a ordem mundial", disse.

"Seu impacto será medido nas próximas décadas", acrescentou.

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