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Trump mantém o mundo em suspense com surpreendente ordem de testes nucleares
Trump mantém o mundo em suspense com surpreendente ordem de testes nucleares / foto: ROBERTO SCHMIDT - AFP

Trump mantém o mundo em suspense com surpreendente ordem de testes nucleares

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reiterou nesta sexta-feira (31) sua intenção de realizar testes com armas nucleares, mas novamente não esclareceu se fazia referência a explosões reais, em uma ordem que provocou tensão e confusão em nível mundial.

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Quando um jornalista da AFP lhe perguntou se ele se referia à realização de explosões nucleares subterrâneas pela primeira vez nos Estados Unidos desde 1992, Trump respondeu aos repórteres a bordo do Air Force One: "Não vou dizer".

"Vocês saberão muito em breve, mas vamos fazer alguns testes, sim, e outros países também fazem. Se eles vão fazer, nós também faremos", afirmou durante a viagem para passar o Halloween em seu clube de golfe na Flórida.

Nenhum país, além da Coreia do Norte, realizou testes de explosivos nucleares nas últimas décadas. A Rússia e a China não realizam esses testes desde 1990 e 1996, respectivamente.

Como de costume, Trump recorreu às redes sociais para fazer seu surpreendente anúncio de que os Estados Unidos retomariam os testes nucleares. E o fez na quinta-feira, minutos antes de se reunir com seu par chinês, Xi Jinping, na Coreia do Sul.

A decisão do republicano causou um terremoto mundial. O Irã, rival ferrenho dos Estados Unidos, declarou que essa medida "irresponsável" representa "uma ameaça à paz e à segurança internacionais".

O anúncio ocorreu após a Rússia afirmar ter testado um novo míssil de cruzeiro de propulsão nuclear, o Burevestnik, e um drone submarino com capacidade nuclear.

O Irã, cujo polêmico programa nuclear foi bombardeado pelas forças americanas por ordem de Trump no início deste ano, classificou a diretriz como "retrógrada e irresponsável".

O ministro iraniano das Relações Exteriores, Abbas Araghchi, referiu-se a Trump como "um valentão armado com armas nucleares" que "demonizou o pacífico programa nuclear iraniano".

– "Bastante responsável" –

O grupo japonês Nihon Hidankyo — formado por sobreviventes das bombas nucleares lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki — considerou que a medida "contradiz diretamente os esforços das nações em todo o mundo que buscam um mundo pacífico sem armas nucleares, e é totalmente inaceitável".

Em meio à preocupação internacional e à de alguns membros do Congresso americano, o secretário de Defesa de Trump, Pete Hegseth, afirmou que o Pentágono estava agindo "com rapidez" para cumprir as ordens do presidente e que realizar os testes era algo "responsável".

"O presidente foi claro: precisamos de uma dissuasão nuclear crível", declarou a jornalistas em Kuala Lumpur.

"Retomar os testes é uma maneira bastante responsável de conseguir isso. Acredito que reduz a probabilidade de um conflito nuclear", acrescentou.

Mas o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Guo Jiakun, instou os Estados Unidos a "cumprirem rigorosamente" os acordos que proíbem os testes nucleares.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, declarou por meio de um porta-voz que "os testes nucleares jamais podem ser permitidos sob nenhuma circunstância".

Washington assinou em 1996 o Tratado de Proibição Completa dos Testes Nucleares, que veda os ensaios tanto com fins militares quanto civis.

- Rússia responde -

A Rússia rejeitou a ideia de que seus recentes testes de armamentos justifiquem a decisão de Trump e questionou se o presidente americano está bem informado sobre suas atividades.

Os recentes exercícios com armas "não podem ser interpretados de forma alguma como um teste nuclear", declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. "Esperamos que a informação tenha sido transmitida corretamente ao presidente Trump".

O Kremlin ainda insinuou que a Rússia poderia realizar seus próprios testes de detonação se Trump o fizer primeiro.

 

Os Estados Unidos realizaram 1.054 testes nucleares entre 1945 e 1992 e são o único país que já utilizou esse tipo de arma. Lançou duas bombas atômicas em 1945, durante a Segunda Guerra Mundial, sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki.

O último teste com explosão realizado pelos Estados Unidos foi em setembro de 1992.

Um mês depois, o então presidente americano George H. W. Bush decretou uma moratória sobre novos testes. Uma decisão mantida pelas administrações seguintes, inclusive pelo primeiro governo de Trump (2017-2021).

Os testes nucleares foram substituídos por simulações computacionais avançadas.

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