Trump insiste que EUA precisa controlar a Groenlândia para 'segurança nacional'
O presidente Donald Trump reiterou na segunda-feira (22) que os Estados Unidos precisam controlar a Groenlândia por "motivos de segurança nacional", depois que a nomeação de um enviado especial para a ilha no Ártico desencadeou uma nova disputa com a Dinamarca.
Desde seu retorno à Casa Branca em janeiro, o republicano insiste que "precisa" do território autônomo, de localização estratégica e rico em recursos naturais, para garantir a proteção dos Estados Unidos. Ele se negou, inclusive, a descartar o uso da força para anexar a Groenlândia.
No domingo, Trump anunciou que designou o governador da Louisiana, o republicano Jeff Landry, como emissário especial dos Estados Unidos para a Groenlândia, notícia que irritou o governo da Dinamarca, que convocou o embaixador americano.
"Precisamos da Groenlândia por motivos de segurança nacional. Não pelos minerais", afirmou Trump em uma entrevista coletiva na segunda-feira em sua residência em Palm Beach, na Flórida.
"Se você olha a Groenlândia, se observa a costa de cima a baixo, você vê navios russos e chineses por todos os lados", disse.
"Precisamos dela para a segurança nacional. Precisamos tê-la", disse o presidente, antes de destacar que Landry "queria liderar a campanha".
Após a nomeação, Landry prometeu transformar o território dinamarquês em "parte dos Estados Unidos".
A primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, e o primeiro-ministro da Groenlândia, Jens-Frederik Nielsen, afirmaram em uma declaração conjunta que a ilha pertence a seus moradores.
"Não se pode anexar outro país. Nem mesmo com o argumento da segurança internacional", afirmaram. "Esperamos que nossa integridade territorial conjunta seja respeitada".
O ministro das Relações Exteriores da Dinamarca, Lars Lokke Rasmussen, afirmou que está "profundamente indignado" com a nomeação e exigiu que Washington respeite a soberania da Dinamarca, país que faz parte da União Europeia (UE) e da Otan.
A UE expressou "total solidariedade" à Dinamarca.
Rasmussen declarou em uma entrevista ao canal local TV2 que a nomeação e as declarações eram "totalmente inaceitáveis". Também afirmou que o Ministério convocará o embaixador dos Estados Unidos nos próximos dias "para obter uma explicação".
- Localização estratégica -
Em uma publicação no Facebook, o premiê Nielsen também afirmou que a nomeação não muda "nada para nós aqui em casa".
"Nós mesmos determinaremos o nosso futuro. A Groenlândia é o nosso país", escreveu. "A Groenlândia pertence aos groenlandeses e a integridade territorial deve ser respeitada".
A UE expressou seu firme apoio à Dinamarca.
"A integridade territorial e a soberania são princípios fundamentais do direito internacional", afirmaram no X a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, Antonio Costa.
A maioria dos 57.000 habitantes da Groenlândia deseja a independência da Dinamarca, mas não quer fazer parte dos Estados Unidos, segundo uma pesquisa realizada em janeiro.
As autoridades, tanto da Dinamarca como da Groenlândia, insistem que a ilha não está à venda e que a população decidirá seu futuro.
"A nomeação confirma o contínuo interesse dos Estados Unidos na Groenlândia", afirmou nesta segunda-feira o ministro dinamarquês das Relações Exteriores em um comunicado enviado à AFP
"Insistimos que todos, inclusive os Estados Unidos, devem demonstrar respeito pela integridade territorial do Reino da Dinamarca", acrescentou.
A Groenlândia tem uma localização estratégica, entre a América do Norte e a Europa, no momento em que Estados Unidos, China e Rússia demonstram interesse crescente pelo Ártico, onde foram abertas rotas marítimas devido às mudanças climáticas e há grandes reservas de terras raras.
A localização da Groenlândia também a deixa na rota mais curta em caso de lançamentos de mísseis entre a Rússia e os Estados Unidos.
Em agosto, a Dinamarca convocou o encarregado de negócios dos Estados Unidos após denúncias de tentativa de interferência na Groenlândia.
Pelo menos três funcionários de alto escalão do governo americano próximos a Trump foram vistos em Nuuk, a capital da Groenlândia, tentando identificar pessoas a favor e contra uma aproximação com os Estados Unidos, informou a imprensa dinamarquesa.
O governo dos Estados Unidos abriu um consulado na Groenlândia em junho de 2020.
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